Abordar José Mário Branco, um dos maiores músicos portugueses, é um desafio assinalável, dada a diversidade e complexidade da sua obra, a qual não encontramos apenas na sua própria música mas também na música de muitos outros artistas. O percurso musical de José Mário Branco, sempre coerente em rigor e exigência que a si próprio impunha, também marca indelevelmente a obra de José Afonso, o qual afirmava que nenhum outro orquestrador conseguiu interpretar melhor a sua música.

Homenagear José Mário Branco, é celebrar o 25 de abril e muito mais, pois a sua obra está muito para além da chamada música de intervenção - o que é sempre redutor e ambíguo - pois, a sua catividade estende-se até ao seu falecimento, em 2019, não ficando circunscrita àquela época revolucionária. Considerando este inesquecível compositor na diversidade da sua expressão artística, como compositor, poeta - que nunca reivindicou ser - orquestrador e áreas musicais que abrangeu, não tem par na música popular portuguesa.

Uma das qualidades que se lhe reconhece é a intransigência com a facilidade e a simplificação. Como cidadão, manteve até ao fim a luta/sonho por uma sociedade mais justa e fraterna, não abdicando dessa "utopia", que alimentou desde a juventude. A cidade de Guimarães teve a felicidade de o ouvir em seis atuações, em diferentes âmbitos. Onde, talvez a mais memorável tenha sido na Circultura, em 1982. Nesta edição de Sons da Liberdade, teremos a oportunidade de ouvir a música de José Mário Branco nas diferentes áreas a que se dedicou. Para quem associa este genial autor ao seu tema FMI, poderemos traduzir por Fiel, Músico, Íntegro.