Sala das máscaras convida... Sarah Maldoror
Sala das máscaras convida... Sarah Maldoror
Sala das máscaras convida... Sarah Maldoror
SALA 3
SALA 3
SALA 3
SALA 3
O cinema de Sarah Maldoror e o
arquivo de máscaras africanas,
em curto-circuito.
No filme A Bissau, Le Carnaval (Em Bissau, O Carnaval, 1980) contemplamos
imagens de festa, observamos a criação artesanal das máscaras, assistimos
a momentos lúdicos e coloridos de hibridismo e apropriação. Em Et les
chiens se taisaient (E os cães deixaram de ladrar, 1978) dois atores, entre eles a
própria cineasta, declamam o poeta da negritude, Aimé Césaire. E enquanto
deambulam pelo Museu do Homem (Paris), fitam as estátuas de madeira e
denunciam as atrocidades do colonialismo.
O “convite” a Sarah Maldoror (1929-2020) para coabitar uma das salas mais emblemáticas do museu tem como propósito “fazer falar” o cinema africano, entre
expressão poética e política do mundo. O olhar da cineasta, uma das mais
importantes do cinema pan-africano, companheira das lutas anti-coloniais e
das independências das décadas de 60 e 70, faz curto-circuito com as máscaras
aqui expostas. Se em A Bissau, Le Carnaval tomamos conhecimento das tradições vivas do território, em Et les chiens se taisaient é o próprio museu, com a
sua genealogia moderna e colonial, que é inquirido.
Como no cinema destemido de Maldoror, as máscaras africanas dispostas nesta
sala enfrentam-nos, interpelam os nossos pensamentos. Um jogo de olhares
entre formas de fazer, ver e expor imagens, que permite sublinhar o poder
crítico do cinema, no contexto institucional.