Quarto Blindado
Quarto Blindado
Quarto Blindado
SALA 10
SALA 10
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SALA 10
Uma memória de infância, um
teatro de personagens insólitos,
uma ficção sobre a vida e a morte
dos objetos.
Quarto Blindado, de Fernão Cruz, é um espaço de infinita criação. Assim como nos
mitos de origem, onde os deuses são hábeis escultores, modelando a vida dos
seres e das coisas do mundo, o artista (Lisboa, 1995) aborda nesta sala o ato de
criar. Inspirado pelos materiais, texturas e cores das esculturas africanas da coleção do museu, e pelas ilustrações de F. D. Bedford para o livro Peter and Wendy (1911), do escritor britânico J. M. Barrie, Fernão Cruz constrói uma instalação
composta de diferentes camadas de significado.
As aventuras do rapaz que não queria crescer são o pretexto para a construção de
um espaço psicológico e íntimo em que a realidade, suspensa pela arte, vê as
suas regras subvertidas. A utilização da pasta de papel - que José de Guimarães
emprega em muitas das suas obras - permite, com poucos meios, reproduzir
objetos sem função, construir um espaço de sonho e de desejo, frágil e, no
entanto, tangível, que o visitante invade e contempla.
Um chapéu de chuva petrificado, uma câmara de vigilância partida, um pássaro,
uma cena de família e um braço mágico que parece invadir o mundo real,
as esculturas povoam a sala. Realizadas sobre pano cru, e expostas como as
páginas de um livro, as gravuras de F. D. Bedford são alteradas por Fernão
Cruz. O universo doméstico e a intimidade, o voar sem asas de Peter Pan,
os sentimentos de perda, luto e desejo, compõem um lugar de refúgio, uma
realidade em que as coisas íntimas se agigantam e os corpos pesados flutuam.